terça-feira, 30 de agosto de 2011

PÁSSARO EM RETIRO


PÁSSARO EM RETIRO
                         (Letra/Música: Alessandro Gonçalves)

O rancho da velha infância
Hoje não mais que recuerdo
Uma tapera, alguns retratos
Já empoeirados pelo tempo.

Parti e quantos assim partem
- Retirantes rumo á cidade -
Levando sonhos na mala
No olhar, uma eterna saudade.


Da mãe restou uma lágrima
A verter insistente eu seu rosto
Recordo ao cevar o amargo
Numa larga invernia de agosto.

Meu velho que ficou lá no campo
Colhendo as tristezas da vida
Sabe que a estrada dos filhos
Só tem o sentido de ida.


Deixei o campo, raízes...meu chão
Pra uma vida melhor, que ilusão!
No povo, amigo, que tristeza
Ver a forme com tanta riqueza.

Hoje sou pássaro em retiro
Fazendo ninhos em arranha-céus
Nas rugas a história de tantos
No peito a saudade dos meus.”

                                                     Ritmo: Milonga

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A REBELDIA DO CAMPO


A REBELDIA DO CAMPO
(Letra: Martim César / Música: Paulo Timm & Alessandro Gonçalves)

Se o campo, por elemento
Um dia se revoltasse
E assim tão só se entregasse
A quem lhe pede sustento
Não mais a voz do lamento
De tanta fome incoerente
Reclamaria a semente
Que foi perdida no vento

Se o campo, por insurgente
Se rebelasse algum dia
Em vez da mesa vazia
Nos olhos de tanta gente
O pão seria o presente
Da triste infância da rua
E a vida que brota nua
Jamais seria carente.

A terra para quem cria
Para quem planta, a terra
A paz em vez dessa guerra
Insana do dia-a-dia

A quem produz, garantia
De não viver de favores
Servindo a nobres senhores
Posseiros das sesmarias

Se o campo, por desolado
Numa só voz combatente
Sangrasse feito vertente
Todo esse amor represado
E assim, por fim, libertado
Chamasse a humana razão
Mostrando que a divisão
É sonho multiplicado.

* Vencedora da Comparsa da Canção de Pinheiro Machado.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

PARCEIROS DA MADRUGADA


PARCEIROS DA MADRUGADA
                                                          (Letra/Música: Alessandro Gonçalves)
Cobertores de jornais
Arco-íris de concreto
Campeando em pouco de paz
Guerreando em busca de um teto.

A inocência se fez dor
Na infância do seu olhar
Procurando um resto de amor
De quem nunca soube amar.

Veja homem este piá
Que apenas implora um pão
Te pedindo quase nada
Só um pouco de atenção
Pra quem só tem solidão.

Seu nome só é lembrado
Quando a justiça lhe acusa
Filho sem lar e sem pátria
Fruto que a terra recusa.

Quando a madrugada finda
E outro dia vem igual
Vai cumprir a sua sina
De mendigo ou marginal.

* Música do CD ESSÊNCIA - Lançamento - nov/2011;

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Vencedora da 21a GUYANUBA


OLHANDO A CURVA DA ESTRADA
(Letra: Martim César / Música: Alessandro Gonçalves)
                                           
Quando saiu nesse dia
Prometeu que voltaria
Sem saber como nem quando
Ainda era um menino
E ia atrás desse destino
Que estava lhe esperando

Deixava atrás, na distância
A casa pobre da infância
Onde moravam os seus
Do pai levava os conselhos
Da mãe, os olhos vermelhos
E uma lágrima de adeus

Quando saiu nesse dia
Decerto que não sabia
Que o tempo passa ligeiro...
Quando se tem vinte anos
A vida é feito o oceano
Aos olhos do aventureiro

O mundo, então, se fez cargo
Lhe mostrando o lado amargo
Que a ilusão não mostrou
E os anos foram passando...
Sem saber como nem quando
Seu sonho se transformou

E hoje... aquele menino
Que foi buscar seu destino
Na distância, envelheceu
E olhando a curva da estrada
Brota em suas vistas cansadas
Uma lágrima de adeus
Int.: Robledo Martins (Melhor Intérprete)
Arranjo: Éverson Maré
Músicos: Alessandro Gonçalves, Éverson Maré, Carlos de Césaro,
               Nilton Jr. e Clarissa Ferreira.